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quinta-feira, 8 de março de 2012

8 de março, feminismo e maternidade

Hoje quero escrever. Hoje é um dos dias do ano em que me sinto mais feminista. Vejam bem, me sinto mulher e feminista todos os dias, mas hoje comungo com outras mulheres feministas a luta por um mundo menos desigual, menos violento e mais digno para todo mundo, em especial para mulheres. Mas por que escrever no blog do Tito sobre o assunto? Ontem à noite estava praticando minha militância online quando lembrei das fotos que tiramos quando fomos na Marcha das Vadias em 2011 aqui no RJ. Gustavo, Tito e outros amigos homens foram junto e achei essa foto que não tinha postado antes do Face.


Pra quem não consegue ler bem, entre Gustavo (com Tito) e meu amigo Maurício Santoro, está uma mulher segurando um cartaz com a seguinte frase "Ensine os homens a respeitar e não as mulheres a temer". Essa foto, com 3 homens em uma Marcha pelo direito (ainda não conquistado) de nós mulheres sermos livres com essa frase ao lado pra mim expressa uma conquista pessoal indescritível.

Muit@s amigas e amigos sabem que eu sempre achei que seria mãe de menina. Talvez pelo feminismo e pela admiração profunda que tenho por tantas mulheres (da família, da vida pública, da amizade) que influenciaram a mulher que construi pra mim e que sou hoje. Além disso, nunca gostei de "coisas de menino" tipo carrinho e futebol. Mas veio o Tito, o menino mais lindo e a pessoa mais maravilhosa que existe no mundo. Com ele, além de tantos aprendizados diários, Gustavo e eu estamos aprendendo (e ensinando) a criar um futuro homem que respeite as mulheres e o mundo em que vive. Um menino (futuro homem) que saiba que pode brincar de carrinho e de bola, mas que também tem à disposição para brincadeira bonecas, panelas e utensílios do lar (ele adora varrer e fazer comidinha). Um menino que veste azul e verde, mas também rosa e lilás. Que assiste na TV Carros, Bob o Construtor, mas também Angelina Bailarina. Um menino que nunca ouvirá de sua mãe e de seu pai que não pode chorar ou que isso ou aquilo é coisa de mulher e ou de homem.

Essa oportunidade, hoje entendo, é sem preço. Com ele e com meu marido venho aprendendo a criar novas relações de gênero junto com os homens, a praticar meu feminismo no cotidiano tendo como platéia e protagonista uma criança que crescerá com um pai que lava, passa, dá banho, troca fralda, cozinha, dá comida e trabalha fora, assim como sua mãe. Um pai que nunca questionou o fato de ter que assumir junto com a mãe as tarefas domésticas cotidianas (e não dando uma ajuda aqui ou ali) ou seu papel no cuidado diário compartilhado com seu filho. Um pai que nunca me disse pra parar de trabalhar fora ou abrir mão de meus sonhos individuais nem brincando. Duas pessoas que tomaram pra si a responsabilidade (e também as delícias) de ser pai e mãe em uma sociedade injusta, mas que, pouco a pouco, nos abre possibilidades para se dizer que DEVE HAVER MUITOS JEITOS DE SER HOMEM E DE SER MULHER! E AS PESSOAS NÃO DEVEM SOFRER NENHUM TIPO DE VIOLÊNCIA OU CONSTRANGIMENTO POR SUAS ESCOLHAS OU POR SER QUEM SÃO.

Apesar de minha emoção ao pensar nessas questões e também na minha felicidade por me sentir parte de um movimento que busca no cotidiano realizar suas conquistas, essa semana presenciei duas situações de violência de gênero que nos mostram o quanto ainda temos que lutar para que as mudanças sejam concretas e cotidianas para todas e todos. Primeiro, em um ônibus, um "senhor distinto" dava descaradamente em cima de uma mulher, de forma desrespeitosa e ostensiva, deixando-a constrangida, mas também imobilizada. E, ontem, aqui no Centro da Cidade Maravilhosa, um(a) travesti de longos cabelos loiros, peitos fartos, saia curta e decote passava na rua da Assembléia ao som de comentários desrespeitosos, como se a simples presença (e coragem) de estar ali, num ambiente "sério" na hora das pessoas voltarem de seus trabalhos para suas casas, desse a elas o direito de mostrar pública e desrespeitosamente o incômodo que sua presença causava.

A luta feminista é das mulheres, mas, na minha opinião, tem que, cada vez mais, ser uma luta de todas e todos. Eu quero homens feministas, quero uma uma LGBT feminista, quero pessoas que reconheçam a opressão e seu lugar nessa relação de poder e que lutem juntas para criar um mundo melhor, menos violento e mais fraterno.